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sexta-feira, março 21, 2008

Braga-DAKAR 2008 em Autocaravana - Dia 14 a 19

Dia 14 - 12.JAN.08 – Sábado

LÃAYOUNE PLAGE – Boujdour – DAKHLA

Saída às 8,30h da manhã... com o sol já saído da penumbra. O amanhecer foi de imenso nevoeiro. O percurso, todo ele de imensas rectas, permitindo velocidades de 90 a 130 km/hora (limite de velocidade de 100 km/hora).

(A Frente Polisário embora discretamente, vai-se fazendo sentir)

Dei boleia a um jovem Sahaouri, que fez questão de me oferecer o seu lenço, alegando que o pai tinha mais dois. Levei-o desde Laayoune Plage até Lemsid (cerca de 100 km) – companhia agradabilissima, mesmo se o jovem nómada tentasse ‘’arranhar’’ o Francês... Ao aperceber-se que apoiava a causa Sahaouri, uma grande alegria se estampou no seu rôsto. Ao chegarmos, trocamos contactos e os tripulantes de um Toyota das Nações Unidas (um magrebino e um nipónico) fizeram as nossas fotos...

(o jovem nómada... ficou aqui a aguarddar que o pai chegasse de camêlo para o levar...)

Dei depois boleia a outro jovem marroquino, que nem Espanhol, nem Francês...

Viagem super cansativa já que o facto de permitir boas velocidades, é contudo imensamente perigosa já que as bermas ‘’carcomidas’’ provocam despistes sobretudo no cruzamento com camiões. Os autocarros de passageiros rolam a 110/120 km/hora.

Fiz paragem em Boujdour para dar uma olhada à cidade e visitar o recentemente aberto Parque de Campismo.

(em Boujdoul, o comércio de camêlos!...)

Cheguei a Dakhla pelas 17 horas, fazendo desde logo o reconhecimento da cidade.

Pernoita no Parque de Campismo (a 11km da cidade) por recomendação de casal Francês, pois têem ainda na mente o assassinato de 2 casais na muito próxima Mauritânea. Mas... o casal obteve visto em Rabat para visitar a Mauritânia e tencionam revisitar quer a Mauriotânia, e ainda o Senegal, Dakar incluido e Gâmbia. Pêna não saber antes e também iria... A 2km a norte do Camping, numa imensa falésia sobre o mar ficaram uma dezena de AC Alemães.

Km 3.448 ( Dia: 549 km)

Dia 15 – 13.JAN.08 – Domingo

DAKHLA

A manhã dediquei-a às tarefas ‘’domésticas’’ – lavar roupa (secou em 2 horas), atestar depósitos de água e limpar as areias levadas pelos ‘’ténis’’...

Converso com os 2 casais franceses que me entusiasmam a acompanhá-los... uma grande tentação... como não vinha preparado para tão diversificada e interessante périplo, decidi acompanhá-los para lá da fronteira da Mauritânia, regressando depois sózinho. Pensado e decidido. Vamos a ver se as formalidades fronteiriças me não demovem da decisão.

Da parte da tarde decidi pegar na bicicleta para visitar a cidade. Ao passar junto a 1 AC espanhola e outra Belga, fui convidado a tomar café. Trata-se de casal de Torremolinos (Santiago Henrique) com ‘’parentes’’ marroquinos em Dakhla. Passei a tarde na falésia contígua ao Camping conversando com eles e com os seus parentes marroquinos.

Voltei para a AC para preparar a viagem do dia seguinte.

Dia 16 – 14.JAN.08 – 2ª. Feira

DAKHLA – LA GOUIRA (Marrocos) - NOUADHIBOU (Mauritânia)

Para lá do Trópico de Câncer

Nas paragens no sul do Sahara, ia pondo em confronto o que me vinha à mente... será uma grande oportunidade de avançar mais a sul do norte de àfrica... e as ideias vindas em ‘’catadupa’’, levam-me a decidir acompanhar os 2 casais de Jeep 4x4 e um outro de Autocaravana.

(na última estação de serviço antes da Mautitânia,... as patrulhas do exército marroquino, são uma constante... proibido fazer-lhes fotos...)

A paisagem antes da fronteira é completamente desértica, abundando uma espécie de tundra entremeada de pedras e muita... mas mesmo muita areia...

A parte final é do tipo lunar.

A temperatura foi subindo chegando mesmo aos 30ºC.

Passadas as imensas formalidades fronteiriças da fronteira de Marrocos, (KM 3836) entra-se numa zona de 4km ‘’zona de ninguém’’ não existe estrada... pobre da AC... mas pior de tudo... numa zona de areia... o meu parceiro que me precedia passou a custo, mas eu... não consegui... vi a coisa complicada... mas a pronta ajuda de Patrick com o seu 4x4, sacou a AC num ápice. Não fora ele, teria de ‘’negociar’’ com um ‘’combatente’’ da Frente Polisário que com um velho jeep se aproveita dos ‘’atascanços’’ para encher o bolso de notas... uff... nem vou pensar que terei de regressar pelo mesmo percurso.

(na ‘’zona tampão’’ entre Marrocos e a Mauritânia... atasquei na areia, logo surgiram os auto-proclamados ‘’guerrilheiros da Frente Polisário...’’ oferecendo-se para ajudar... mas... a ajuda veio do 4x4 de Patrick!)

M A U R I T Â N I A

Passado o suplício, outro surge: As formalidades da fronteira da Mauritânia.

Para o visto de 3 dias lá ficaram € 10,00, para o documento da viatura, outros

€ 10,00... O câmbio numa velhíssima roulotte, € 1,00 = 300 Ouguiya, quando o câmbio Oficial ronda os 365Ouguya.

O Seguro optei por fazê-lo por 3 meses já que é o mesmo custo de 1 mês, ou seja 8.220Ouguiya – Havia cambiado € 30,00 e lá se foram para o Seguro.

(por decisão das UN, entre Marrocos e a Mauritânia existe ‘’uma zona de ninguém’’ minada... os avisos estão lá...)

Continuamos contudo e chegados à cidade, optei por ir jantar com 2 dos casais num ‘’hotel’’ junto ao mar a cerca de 10 km por pistas de areia comprimida...

Assim: Uns camarões grelhados, um peixe finíssimo em ‘’molho’’ de cebôla e algo avinagrado (espectacular) e ainda um ‘’peixão’’ grelhado envolto em sal (uma delícia). A acompanhar água de garrafa (o álcool é proibido neste país islâmico). Tudo por € 15,00.

(o aspecto pode não seduzir o olhar... mas acreditem... UMA DELÌCIA!...)

(os compinchas do jantar - Claude, Mariélle, Patrick, eu próprio e Jaqueline)

Pernoitamos no Parque do empreendimento. Patrick e a sua companheira optaram por prescindir da sua cama ‘’aérea’’ do 4x4, por apartamento agradável e climatizado.

Km 3.913 - (Dia 465 km )

Dia 17 – 15.JAN.08 – 3ª. Feira

NOUADHIBOU – NOUAKCHOTT (Mauritânia)

O amanhecer junto à grande lagoa marítima, é espectacular – vêem-se peixes e pássaros exóticos. Saímos da cidade pelas 9,30h. e entramos no deserto digno do nome.

À saída paramos para apreciar o combóio mais comprido do mundo. Trata-se de composição de vagões abertos com imensas dessas carruagens, que rola por linha de cerca de 700 km. É o combóio que através do deserto, transporta o minério de ferro. Existe mesmo a possibilidade de percorrer todo o seu percurso dentro da própria viatura estacionada num vagão.

(com o combóio mais longo do mundo... o deserto como fundo... )

(abastecer no deserto é assim... dar à manivela... e... confiar no contador sem vidros...)

O deserto na sua quási totalidade – plano – foi atravessado sempre com o céu oculto por nuvens imensas de areia...

(pausa para almoço... O avô, a filha e a neta, apreciam as peças de vestuário oferecidas... a pobreza do deserto!)

A areia ‘’puchada a vento’’ atravessava a estrada... quando chegamos ao destino, a areia infiltrada, era deveras enervante...

(a passagem dos cerca de 400 km de rectas... ventos de areia... uff...)

Finalmente na Capital, entramos no Camping junto à bela praia, que nos permitiu caminhar praia fora até ao ‘’parque de estacionamento’’ das centenas de barcos de pesca costeira

O jovem casal que desde França viaja ‘’à boleia´´ com a finalidade de chegar ao Senegal onde fará trabalho de cooperação, deixou-nos, no intuito de atravessar o rio de barco até ao Senegal. Conseguiram a boleia com este grupo de Dahkla em Marrocos, até NOUAKCHOTT . na Mauritânia.

Km 4.415 (Dia 502 Km )

Dia 18 – 16.JAN.08 – 4ª. feira

NOUAKCHOTT (Mauritânia) – ROSSO (Mauritânia) – St. LOUIS (Senegal)

Dia inesquecível. Logo à saída, nos primeiros kilómetros, continuamos na travessia do longo deserto com a já habitual fúria das areias. Paisagens de areia e tundra à mistura. O pior estaria para acontecer nos derradeiros 120 km até chegar à fronteira com o Senegal, entre Rosso e a barragem fronteiriça (evitando assim a travessia de barco e as inimagináveis burocracias pagadoras)...

(pó, buracos, ''pequenas ravinas''... 120 km de ''martírio''...)

Estes 120 km indescritíveis... só vendo e sentindo... . Autênticas picadas de 3 e 4 vias com pisos intragáveis e subidas e descidas de uma para outra pista, dignas de 4x4... encontramos motos de participantes do Dakar Belgas e Alemãs... Uma viagem para relembrar... e... o regresso será por aqui também?... e os jovens a avisar de que seria perigoso por causa dos atentados... verdade??? Não sei.

As frequentes barreiras policiais – e a obrigatoriedade de entrega em todas elas da ‘’ficha’’ de idêntificação dos passageiros e da viatura.

Valeu-me a Agenda Plano para, arrancando folhas, as ir preenchendo e entregando, evitando assim demoras a dobrar.

(após a ''barragem'' há que passar as burocráticas fronteiras...)

S E N E G A L

A fronteira foi ultrapassada com as habituais ‘’taxas’’ africanas, quais portagens... a primeira o Parque Nacional ( € 10,00) para a Policia € 10,00 e outros € 10,00 para a ‘’Douanne’’... isto ao sair da Mauritânea. Ao entrar no Senegal – para abrir a ‘’cancela’’ da barragem, outros € 10,00, para a Polícia € 10,00 e para ‘’as Douanes € 10,00 e ainda para a Comuna € 5,00... É a Àfrica – dizem eles!

O Seguro AXA ficou por € 35,00 para 2 meses – AXA...

Entretanto a ‘’picada’’ dá lugar a boa estrada Senegalesa.

(Os típicos mini-bus de St. Louis... De manhã as janelas sem vidro, são tapadas com cortinas impermeáveis...)

Duas surpresas ao chegar a St. Louis: As mulheres muito bem arranjadas, coloridas e bonitas... Os Transportes – Mini-Autocarros, sem vidros nas janelas... com gente dependurada... lindo...

(o seu ''ar arejado'', sorriso aberto, o colorido, tornam as mulheres de St Louis agradáveis de ver...)

Km 4 772 (Dia 357 km )

Dia 19 – 17.JAN.08 – 5ª. Feira

St. LOUIS – DAKAR – SALY (Senegal)

Viagem por paisagens mais africanas... as barreiras policiais a perguntar pelos triângulos e pelo ‘’extintor’’... a finalizar todos pedem ‘’lembranças’’...

Chegada à zona balnear mais conhecida do Senegal. Muitos Franceses nas ruas... muitos deles habitam na cidade em casas muradas...

À chegada fui ao MB e à farmácia comprar comprimidos para o ''paludismo'' e ainda um cartão de telemóvel.

Ficamos no terreno de um ‘’resort’’ pertença de um cavalheiro ex-professor (Jean Paul) ... dono também de uma respeitável ‘’guedelha’’ e barba ‘’anafada’’ como dizem os Algarvios.

(A ''La Ferme de Saly'' em cujos terrenos ficamos)

Local bem distribuído pelas areias bem arborizadas. Ao anoitecer, o jantar foi um género de caldeirada de marisco e peixe... com uma ‘’Gazele’’ – Cerveja local de 0,66 lts.

(Jean Paul na sua rêde privativa... na sessão de boas vindas...)

GPS: 25.423958 e – 13.351436 (LA FERME DE SALY)

Contact Sénégal (00221) 638 47 90

Km 5 023 ( Dia 251 km)

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